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Antes de mais nada, quero dizer-lhes que este é um momento muito especial para mim, em que agradeço com profunda emoção a outorga do prêmio IBEF de 2014 neste Congresso Nacional de Executivos de Finanças, aqui na cidade de Belo Horizonte. Sou grato ao presidente Carlos Alberto Teixeira de Oliveira, na pessoa de quem cumprimento todo o Conselho Diretor Nacional do Instituto Brasileiro de Executivo de Finanças, agradecendo pela proposição de meu nome e concessão deste prêmio. Receber tamanha demonstração de reconhecimento e de acolhimento é extremamente significativo para mim. Começo por render minhas homenagens a todos os grandes homens que tiveram suas trajetórias profissionais e acadêmicas reconhecidas pelo IBEF desde a instituição deste título, em 1987. São biografias que se destacam em nosso país por sua contribuição ao crescimento financeiro, empresarial e acadêmico e que consolidam o IBEF como um espaço democrático, pluralista e inovador. O prêmio que recebo hoje foi entregue pela primeira vez a um homem de destaque na história brasileira por sua contribuição teórica à economia, mas sobretudo por sua atuação como formulador de política econômica e como gestor público. Refiro-me ao professor Octavio Gouveia de Bulhões, homem que atravessou o século 20 em posição de proeminência na definição dos contornos e organização do sistema financeiro mundial e brasileiro, cuja essência persiste até hoje. Era um defensor da estabilidade da economia como fundamento da gestão estratégica do país. Vale lembrar o que Octávio Gouveia de Bulhões dizia: “não havendo estabilidade monetária, surgem desentendimentos de diversas naturezas, que prejudicam a marcha do desenvolvimento. Sem dúvida alguma pode haver desenvolvimento sem estabilidade monetária, e talvez até de uma maneira bem acelerada. Mas, precisamente porque esse desenvolvimento é acelerado, ele traz distorções, traz desequilíbrios que provocam a recessão e com ela o retrocesso”. Trata-se de reflexão feita em outro contexto histórico, mas muito oportuna para o momento econômico atual. Ao analisar a conjuntura brasileira, podemos recorrer à imagem de um copo meio cheio e meio vazio. Se olharmos exclusivamente para os problemas nacionais, veremos um copo meio vazio. Depois de muitos sinais de alerta das principais variáveis econômicas, dois trimestres com retração do produto interno bruto colocaram-nos em recessão técnica. O desequilíbrio das contas públicas, pressionadas por crescentes despesas, contribui para a persistente pressão inflacionária e levou ao recorrente aumento das taxas de juros, corroendo as expectativas e afetando o nível de confiança dos consumidores e investidores. Reformas estruturais, como a política, a tributária e a trabalhista, importantes e urgentes para recolocar o Brasil na rota do crescimento, foram adiadas durante muitos anos e esperamos que aconteçam no início do próximo mandato. Além disso, a infraestrutura tem deficiências que prejudicam a produtividade e a competitividade da economia. A eleição presidencial deste ano gera incertezas sobre os rumos do governo. No entanto, não podemos deixar de voltar nossa atenção para o copo meio cheio. Os ganhos sociais e a distribuição de renda da última década resgataram 40 milhões de pessoas da pobreza, incorporando-as ao mercado de consumo. Isso fez com que a classe média crescesse de 38% da população em 2003 para 54% em 2013. O Brasil tem hoje um mercado interno de 202 milhões de habitantes, que representa uma enorme demanda potencial latente em praticamente todos os setores. Estamos em um momento favorável também do ponto de vista demográfico. O número de jovens e idosos é hoje menor do que o de pessoas em idade economicamente ativa. Ou seja, temos mais pessoas gerando riquezas do que dependentes. Este é o bônus demográfico. Essa situação deve durar uma geração, constituindo uma boa janela para preparar um salto econômico e social no país. Certamente há grandes ajustes a serem feitos e decisões a tomar para que o Brasil encontre o caminho do desenvolvimento sustentado e realize plenamente seu potencial de nação. As eleições deste ano serão a sétima consecutiva na qual podemos escolher o presidente do país pelo voto direto. Se por um lado as incertezas quanto ao futuro governo podem causar instabilidades no mercado, por outro, o processo eleitoral é uma demonstração da solidez de nossas instituições e uma oportunidade única para discutirmos um plano de longo prazo para o desenvolvimento de nosso país. O processo eleitoral deve ajudar a pensar o Brasil e avaliar alternativas que permitam assegurar as bases de um crescimento econômico que seja uma fonte de desenvolvimento social. A voz das ruas pede mais qualidade dos serviços públicos de saúde, educação e mobilidade, que devem ser tratados como equalizadores de oportunidades, com vistas a promover a justiça social. Considero fundamental discutir a justiça econômica, com impostos justos e bem distribuídos entre os contribuintes, de modo a envolver todos os setores da economia em um círculo virtuoso de desenvolvimento econômico e humano. Também é primordial a construção de um ambiente de estabilidade macroeconômica e de fundamentos macroeconômicos sólidos. Este é o ambiente propício aos negócios que esperamos e que decorre de fatores como o controle dos gastos públicos por meio de uma gestão pública dotada de mecanismos gerenciais modernos e eficazes. A previsibilidade na condução da política macroeconômica, o fortalecimento da autonomia operacional do Banco Central e a transparência e boa gestão das contas públicas são importantes para alargar horizontes, dar segurança e estímulo ao investimento privado e, consequentemente, são fundamentos de taxas de crescimento sustentáveis no médio e longo prazos. Acredito que o Brasil pode acelerar mais e chegar muito mais longe do que jamais sonhou. É uma questão de estabelecermos metas, estratégias… E foco na qualidade da gestão. O Brasil reúne um tal crédito de fatores, que está credenciado à aspiração de um papel cada vez mais proeminente entre as nações. Tenho insistido na visão de que precisamos de um choque de inovação, de produtividade e competitividade. Este foi o caminho trilhado por países que construíram sua transição do subdesenvolvimento para a condição de player global em setores estratégicos. Devemos aproveitar os exemplos virtuosos, de modo a incentivar a cooperação e o desenvolvimento tecnológico, o fortalecimento das cadeias produtivas, e a evolução de nossos centros de geração de conhecimento. Este caminho passa pela inovação, que cria valor para as empresas, para os consumidores e para a sociedade. A competitividade é, por definição, sistêmica. Com os olhos na competitividade, há que atacar os impactos de sobrecustos e ineficiências nacionais, com a eliminação de entraves ainda persistentes no país, na infraestrutura, na logística, na tributação do investimento e do consumo, na burocratização de processos e procedimentos e em legislações que oneram a produção e as atividades. Cito a educação à parte desta lista por sua importância estratégica. Há avanços inegáveis no tocante à acessibilidade ao ensino superior, através da ampliação da oferta de vagas e da adoção de mecanismos que incorporam à população universitária jovens provenientes de camadas sociais antes excluídas. A educação, por este ângulo, cumpre sua função democrática de abrir oportunidades para todos e está em sintonia com a forte onda de inclusão social promovida por diversas políticas públicas combinadas. Apesar dos esforços, entretanto, a qualidade da educação brasileira não é compatível com o país que queremos construir. É necessário avançar a uma velocidade muito maior do que a atual em direção ao aprimoramento da qualidade da educação, se o Brasil quiser consolidar no futuro as potencialidades econômicas que se apresentam agora. Também estou convencido de que o futuro depende do que você, eu e todos aqui estamos fazendo hoje. O futuro se desenha no presente e será obra de nossa inteligência coletiva, que nos assegura a habilidade de compreender nosso lugar e papel no espaço, na sociedade e na história, reinventandonos sempre para melhor. É preciso ter coragem de colocar em prática todo o conhecimento adquirido pelos livros, pelo coração e pela experiência. Aristóteles afirmou: “Nós somos o que fazemos repetidamente; a excelência não é um feito, e sim, um hábito”. Vamos, pois, praticar a excelência de que somos capazes. Mais uma vez, agradeço a todos a distinção a mim conferida pelo IBEF. 

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