* Por Manoel Mario de Souza Barros

Numa semente, há muito mais tecnologia embarcada do que qualquer equipamento de informática, como smartphones, tablets e computadores. Quando você se alimenta, você mastiga tecnologia.  Estamos nos referindo ao marco da agricultura digital que se desenvolveu de forma vigorosa desde os primórdios do lançamento do Netscape, nos idos de 1994 no Vale do Silício, na Califórnia, como o primeiro navegador liberado para o público em geral, onde a guerra de popularização da rede fortaleceu a era da informática mundial.

Hoje, no nosso mercado de tecnologias, a agtech teve também seu momento Netscape, como referenciou o site norte-americano Techcrunch. Tratou-se, nesse caso, da aquisição da Climate Corporation pela Monsanto. Há cinco anos, a multinacional do agronegócio pagou U$ 930 milhões pela aquisição daquela startup. A Climate trabalha com tecnologias que coletam e analisam uma série de informações sobre a lavoura em vários países e agora no Brasil, em tempo real, formando um banco de dados extraordinário e de fácil acesso aos produtores rurais. Estamos vivendo, de fato, a era da tecnologia de ponta ou de precisão na nossa produção agrícola.

Estamos aumentando, significativamente a área de plantio e a nossa produtividade da lavoura já mudou rapidamente a produção brasileira. É bem verdade, que ainda estamos longe de uma aquisição bilionária, como aconteceu nos Estados Unidos e que funcione como um divisor de águas, mas uma série de fatores importantíssimos demonstram que o Brasil vive um nascimento de um promissor ecossistema agtech.

A agricultura brasileira possui um notável histórico de inovação e genética para sementes como um dos mais importantes do mundo no seu uso para o desenvolvimento de tecnologias de ponta, como vem acontecendo na Embrapa e em empresas do setor, melhorando, cada vez mais, a eficiência nas grandes propriedades. O dado novo é a tecnologia digital, que agora chega com forca também junto aos pequenos e médios produtores rurais, fortalecendo vigorosamente a agricultura familiar através de aplicativos de gestão, produtividade, rastreamento e análise de dados em tempo real da situação das lavouras ou cadeias produtivas diversas.

Este boom de startups agtech no Brasil ocorreu com a entrada no Brasil da aceleradora de s startups BR Startusp. Foram investidos, até agora, R$ 250 milhões pelos fundos captados pela Monsanto para agirem exatamente como estratégia de se investir, cada vez mais, na agricultura digital. O Brasil é um dos primeiros países do mundo a criar o FieldView, um projeto pioneiro que congregará cerca de 100 produtores de soja e de milho, todos já embarcados com tecnologia de ponta que abrangerá outras cadeias produtivas – melhorando não só a qualidade dos produtos, como também a sua produção, preparando-se também para os padrões comerciais internacionais. No nosso entendimento, estes procedimentos levarão o Brasil a formatar uma política agrícola atual de amplo espectro, enaltecendo ainda a legislação regulatória do agronegócio no âmbito comercial e jurídico.

*Advogado; Presidente da Comissao do Direito do Agronegócio da OAB-MG e Diretor Executivo do Agronegócio da Câmara Internacional de Negócios

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