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Por: Jayme Vita  Roso
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Aos 92 anos, lúcido, simpático, amável, produtivo: este é o per­fil do filósofo, sociólogo e antropólogo Edgar Morin. Nasceu em Pa­ris (1921), refugiou-se em Tolouse, durante a guerra de 1939, de origem judaica, com seu nome encimado em uma universidade do norte do México (Hermosillo), é figura presente no pensamento brasileiro, visitando-nos desde sempre. Apela-se “Omnívoro Cultural”. Exerce preponderante influência sobre a cultura contemporânea na América Latina, como na Coreia e Japão.

Quando lhe dediquei um longo espaço no livro “Car­refour para intelectuais franceses contemporâneos – Antologia” , confiava que, na sua provecta idade, não abandonaria suas ideias e seus ideais. Tanto que com 91 anos (2012), com Stephane Hersel, escreveu “O Caminho da Esperança ”.

A propósito, Morin não aponta a crise de inteligência como única em nossos dias, mas também uma cri­se de consciência, sobretudo porque, voltadas uni­camente ao crescimento. As políticas têm os olhos fixados no PIB, fator artificial, e ignorantes, porque não se lê mais, admitindo-se a competição selvagem, que dispensa a participação da comunidade e afasta a solidariedade dos trabalhadores e distanciando-se de sua capacidade de gerar novas ideias e melhores iniciativas para o bem da sociedade. Vivemos num mundo onde o pensamento é fragmentado, compor­tamentado, solitário, onde as ciências não mais se co­municam. Nada fecunda no campo do pensamento, por isso, a única solução é a “metamorfose possível”, especialmente na Europa.

Essa “metamorfose” europeia deveria surgir da intros­pecção que levasse à ação, pela ecologia; preservar a biodiversidade, resistir, enfrentando duramente, a poluição em geral, a degradação ambiental, o supera­quecimento climático, produzir na agricultura e na pe­cuária produtos sadios e ainda para recompor a saúde e a vitalidade dos solos contaminados.

Confiante, mas crítico (produziu copiosa literatura so­bre a ausência do viver pleno) e, voltado ao Continente Europeu, insiste que é preciso pensar numa espécie de identidade europeia, conferida pela exigência de uma única cidadania, dentro de um arcabouço cul­tural construído, através da verdadeira metamorfo­se. Reporta-se à genialidade de Andre Malraux, para quem “não há esperança (sucessão) sem metamor­fose” (tirado do prefácio que ele escreveu para o livro Conquèrants). E, propondo, mas criticando, acaba de publicar “Notre Europe, Décomposition ou Métamor­phose?” com o pensador italiano Mario Ceruti (1953).

No “Le Magazine Literaire”, abril de 2014, nº 542, página 72, apreciando o mencionado livro, o crítico A.W.L., ao sintetizar a obra e o fim que visa e sobre ideias propostas, escreve: “Hoje, explica Morin, pode-se reconhecer um Dom Quixote, Fausto ou Don Juan livros tipicamente europeus, porque eles são heróis do confronto e da chacota na busca do sublime e do ab­soluto. Atravessada pelo antagonismo do passado e do futuro, a cultura europeia utiliza por vezes, ideias mestras e seus contrários”. Enfim, como Dostoiévski, ela evoca, sem perder o sentido do emblema Liberda­de, Igualdade e Fraternidade, que a miséria deve ser reconhecida, escancarando as janelas para uma ciên­cia com sentimento humanista, porque falta ao mundo um pensamento sério e autêntico.

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