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Por: Jadir Barroso

 

Day after das manifestações

 

A presidente Dilma Rousseff, o Congresso Nacional, os governadores e prefeitos continuam atordoados, procurando um norte que possa trazer uma luz que os reconcilie com a opinião pública, perdida durante os dias mais conturbados da vida política nacional nos últimos tempos, em que as manifestações de rua desnudaram as mazelas de toda ordem que assolam o país e que se encontravam até então encobertas, submersas ou camufladas.

Os políticos, como responsáveis pelos destinos do país em todos os níveis, terão de descobrir que não é possível continuar enganando o povo durante todo o tempo. Desmoralizados e sem perspectivas de recuperação em curto prazo, os políticos tentam recuperar a confiança perdida. Para isto, têm prazo até as próximas eleições. É que são eles que estão sofrendo na própria carne as conseqüências das manifestações populares.

Quem poderia admitir que a insatisfação popular e as manifestações de rua fossem ter reflexo tão duro na popularidade da presidente e dos governadores? Nenhum marqueteiro, seja da presidência, seja dos governadores, seja dos partidos políticos e de setores que atuam na vida pública brasileira, conseguiu prever este tsunami político e as suas conseqüências.

Nascido de forma espontânea em São Paulo, sem a participação de lideranças ou partidos políticos, de empresários ou de trabalhadores, muito menos de sindicatos ou de entidades estudantis, de ONGS ou qualquer entidade que tenha relação com os governos federal, estaduais ou municipais, os movimentos de protesto em pouco tempo se alastraram por todo o país como um rastilho de pólvora. Em apenas uma semana, mais de um milhão de pessoas foram às ruas para protestar contra o estado de coisas que vigora no país. A presidente Dilma Rousseff e os políticos de todos os partidos ficaram perplexos com a eclosão espontânea de um movimento que seus marqueteiros não conseguiram prever.

Integradas quase que inteiramente pela classe média, nas capitais, nas grandes e médias cidades, por estudantes e profissionais liberais de todas as idades, as manifestações começaram inicialmente como protesto contra o aumento de passagens nos transportes coletivos e a má qualidade dos serviços públicos. Não foi movimento nem de esquerda, nem de direita, nem de trabalhadores, nem das elites. Foi um movimento espontando, que brotou da índole do povo e que se assemelha ao movimento das Diretas Já que sacudiu o país. Mas, é diferente do dos Caras-Pintadas que tinha como finalidade a derrubada do notório presidente Collor.

Ao longo de seu desenrolar, durante a Copa das Confederações, o movimento ganhou proporções gigantescas e serviu de alerta para os detentores dos poderes executivos municipal, estadual e federal e o Congresso Nacional. Tal como a esfinge colossal de pedra, a classe média, adormecida desde 1992, renasceu das cinzas e agora está mostrando, com toda veemência, a sua cara e conduzindo o povo a execrar os políticos tradicionais.

Os protestos em todo o país atropelaram de forma contundente os políticos que fracassaram na condução da coisa pública e teimavam em insistir que o país ia muito bem, que os serviços públicos eram ótimos, sendo que na verdade sempre foram péssimos.

No decorrer das manifestações que sacudiram o país de norte a sul, ficou clara, patente, límpida e cristalina a repulsa ao “status quo” vigente.

A péssima e desastrosa situação de serviços públicos prestados à população no transporte coletivo, na saúde, na educação, na segurança pública, as precárias condições das nossas rodovias, portos e aeroportos, a corrupção desenfreada que grassa em todos os níveis, tudo isto contribui para que o povo acordasse, saísse do estado letárgico e fizesse renascer um sentimento de indignação e revolta democrática que estava entalado na garganta da população.

Perplexos, o governo federal, o Congresso Nacional, governadores e prefeitos procuram correr atrás do prejuízo, fingindo que estão trabalhando e anunciando medidas até mesmo esdrúxulas como o insosso plebiscito que a presidente insiste em propor como se fosse reivindicação popular. Mas, nem mesmo o governo federal sabe de fato o que será perguntado ao povo.

Os políticos, depois destas manifestações das praças públicas, começam a rever as suas muitas estratégias até então adotadas para se manter ou perseguir o poder, sejam eles dos partidos governistas ou dos de oposição. Mas, ainda permanecem sem rumos nem diretrizes definidas.

Nas campanhas eleitorais, os políticos usavam e abusavam de mentiras, mentiras e mais mentiras e ficavam nas promessas vãs, em ilusões e quimeras. Passadas as eleições, as promessas vãs iam para o arquivo morto de suas consciências.

As ruas desmoralizaram os políticos que, orientados por marqueteiros que nas campanhas eleitorais, no rádio e na televisão, gostam de vender ilusões, sempre prometem tudo, dizem maravilhas do que estão fazendo e pretendem fazer, mas que, na realidade, fazem exatamente o contrário do que dizem.

Como explicar que durante tanto tempo o povo não se revoltou contra o colapso dos serviços públicos essenciais, das estradas, dos portos, dos aeroportos? Como explicar o caos no sistema de transporte e armazenamento da safra, como admitir que os produtores não têm como escoar a safra recorde de grãos, porque não há estradas para os caminhões transportarem a produção, não existem portos para enviá-la ao exterior?

Até a eclosão das ruas,.pouca coisa, ou quase nada havia mudado no país, depois de divulgados os resultados do julgamento dos réus do mensalão, em que muitos políticos foram condenados a ver o sol nascer quadrado O mensalão na realidade não influiu sobre os ânimos dos políticos que, logo depois de conhecidos os seus resultados, elegeram o notório Renan Calheiros para presidente do Senado. Não é incrível?

A prioridade da nação como segurança publica, saúde, educação, reforma urbana, assistência à infância e à juventude, estradas, controle da inflação, melhoria dos níveis de emprego e renda, tudo isso sempre ficava relegado o segundo plano após as eleições.

Mais importante para os políticos, antes das manifestações das ruas, sempre foi o assistencialismo. Ninguém nunca gostou mais do assistencialismo do que a classe política. Agora, esta situação tem de mudar, com a eclosão da insatisfação popular.

Será que, mesmo depois destas manifestações que varreram o país de norte a sul, vamos continuar vivendo à sombra dos desvios de dinheiro público e com serviços públicos de péssima qualidade?

Será?

 

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