O empresário Luiz Alberto Ferla quer acelerar os negócios e transformar o grupo em uma empresa global

“Vamos colocar um computador em cada mesa de trabalho e em cada lar”. Era meados dos anos 90 quando a célebre frase dita por Bill Gates ao fundar a Microsoft, em 1975, ecoou na mente do então estudante de engenharia e administração Luiz Alberto Ferla. Os computadores pessoais começavam a se popularizar no Brasil e a ideia de todos terem um em casa já não parecia mais um sonho. O Google ainda não existia e a interação na internet se limitava basicamente à troca de e-mails e mensagens em canais de bate-papo. Mas, os avanços eram exponenciais e muito promissores.

“Em toda minha vida ouvi que o Brasil só seria uma grande nação se investisse em educação. Tive uma visão e pensei: se Bill Gates fizer o que planeja, o futuro da educação e do ensino será pela internet”, recorda Ferla.

Nascia nesse momento a ideia do que um dia seria o DOT Digital Group, hoje referência em EdTech no Brasil. Com sede em Florianópolis e escritórios em São Paulo, Brasília e Lisboa (Portugal), a empresa tem 300 colaboradores. Em 2018 faturou R$ 50 milhões e planeja crescer 40% em 2019.

Em 22 anos de história, o DOT acumulou um portfólio de clientes com empresas relevantes como Natura, TIVIT, Honda, Banco Santander, World Bank, CNI e CNA. Agora, Ferla quer levar o know-how do DOT em educação digital para o mundo. Em fevereiro, inaugurou uma joint-venture em Lisboa, Portugal, com o objetivo de alcançar a Europa e os demais países de língua portuguesa. O empresário também negocia parcerias para entrar na América Latina, África e Ásia.

“Nossa prioridade é o Brasil, mas o mercado do DOT não é local. Nosso cliente está em qualquer lugar do mundo”, afirma o fundador e CEO do grupo.

História
O primeiro cliente, do que viria a se tornar o DOT Digital Group, foi o Sebrae Nacional. Ferla tinha 30 anos e já era graduado em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Administração de Empresas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (ESAG/UDESC), faculdades que fez simultaneamente estudando. Em 1996, o empresário fazia mestrado em Planejamento Estratégico na Engenharia de Produção da UFSC e participava ativamente do laboratório de Ensino a Distância, o primeiro do Brasil.

Junto com seu orientador, Cristiano Cunha, criou o Instituto de Ensino Avançado (IEA) e um núcleo para a elaboração de projetos de ensino à distância (NVA). Apaixonado por empreendedorismo, desenvolveu um curso via internet e ofereceu ao Sebrae Nacional.

“A diretoria achou fantástico, e pouco antes do início do curso, às 10 horas da manhã, todas as 2.500 vagas estavam esgotadas. Para aquela época, era um grande feito. Por muito tempo foi uma das maiores experiências de educação empreendedora no mundo, alcançando mais de 2 milhões de pessoas”, orgulha-se o empresário.

Era só o começo de uma série de negócios. Em 2001, Ferla criou a Knowtec, empresa especializada em Inteligência Competitiva. Em 2008, com o avanço das redes sociais, fundou a Talk, agência de marketing digital. Atualmente, são dez empresas. Para abarcá-las, em 2013 foi criada a holding DOT digital group. Nessa altura, Ferla já contava com a experiência de Rubens de Oliveira, COO, e Guilherme Domingos Ferla Junior, CFO do grupo. A atuação do DOT está dividida em 70% dos negócios em EdTech (Education Technology), tanto para ensino formal quanto educação corporativa, e os outros 30% em MarTech (Marketing Technology).

Um dos principais diferenciais do grupo é oferecer soluções completas, de ponta a ponta. A empresa desenvolve plataformas tecnológicas customizadas de acordo com o objetivo do cliente e oferece uma série de serviços como captação e retenção de alunos, diagnóstico e definição da estratégia de ensino; produção de conteúdo em diferentes formatos; consultoria na escolha das tecnologias; tutoria e monitoria. Em 2017, foi finalista no Learning Technologies Awards – Londres, na categoria Melhor Programa de Ensino a Distância do mundo, com o case SENAR e-Tec.

Ferla se autodenomina um otimista pragmático. Desde adolescente faz listas de objetivos para a vida e planeja como alcançá-los. Um deles era ser empresário. Para alcançar, sempre estudou muito e nunca deixou de se aperfeiçoar. “Vivemos num mundo que pede aprendizagem constante. É um dos motivos de eu acreditar tanto na educação digital. Além da demanda pelo ensino formal, o mercado requer profissionais sempre atualizados e a tecnologia é a única maneira de melhorar o nível educacional brasileiro em grande escala, impactando na competitividade do país”, ressalta.

Se Bill Gates cumpriu a meta de popularizar o computador, Ferla sabe que ainda tem muito trabalho pela frente para transformar a educação por meio de tecnologias inovadoras e da internet. É esse futuro cheio de oportunidades que motiva o empresário. Ele cita a “profecia” do futurista Thomas Frey, consultor do Institute Da Vinci, para referendar seu otimismo.

“Frey afirma que até 2030, a maior empresa da internet será baseada em educação digital. Se a Apple do futuro será uma EdTech, o DOT estará lá”, afirma Ferla.

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