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O presidente do Grupo Fiat Chrysler para a América Latina, Cledorvino Belini, é um homem otimista mas consciente. “ Tenho insistido na visão de que precisamos de um choque de competitividade e de produtividade”, afirma. Apesar do baixo crescimento registrado pelo Brasil em 2014 – inferior a 0,5% – o executivo acredita que há grandes oportunidades de crescimento a partir de 2016. Belini assumiu a presidência da Fiat Automóveis para a América Latina em 2004.

No ano seguinte, tornouse presidente de todo o Grupo Fiat para a América Latina. Com a aquisição do controle acionário da Chrysler, em 2011, ele passou a comandar as operações no continente. Pela competência e experiência acumuladas em diversos setores da empresa, em 2009, Belini passou a integrar o Conselho Executivo do Grupo Fiat Chrysler, a mais elevada instância de comando executivo do conglomerado, depois . Entre março de 2010 e abril de 2013, exerceu o cargo de presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e cursou a pós-graduação em Finanças no curso de mestrado na USP. Possui MBA pelo FDC/INSEAD, obtido em 2002. Em 2011, foi lançado o livro “A Virada Estratégica da Fiat no Brasil”, de Betania Tanure e Roberto Patrus, que analisa o estilo de gestão de Cledorvino Belini e o desempenho recente da Fiat no Brasil. Entre os títulos que já recebeu estão o de Executivo de Valor – Categoria Veículos e Peças (2007 a 2013), pelo jornal “Valor Econômico”, Prêmio Líderes Mais Admirados no Brasil (2012) pela revista Carta Capital, Medalha da Inconfidência, Comenda Grande Ufficiale Della Republica Italiana, Administrador Emérito (Conselho Regional de Administração do Estado de São Paulo), Industrial do Ano 2005, pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e Comendador da Ordem do Rio Branco em 2013.

MC – Em 2014, o setor automotivo tem experimentado um cenário de retração, no comparativo com os anos anteriores. Como a Fiat está trabalhando para se manter competitiva apesar do cenário adverso?

CB – Analisamos o mercado permanentemente para entender as tendências de consumo e antecipar-nos a elas. Para isto, é preciso estar sempre investindo em produtos, para surpreender o consumidor. Fizemos ajustes estratégicos na produção durante o ano para adequar os níveis de estoques e o mix da demanda. É importante ressaltar que, após ter completado seu 12º ano de liderança de mercado em 2013, a Fiat mantém a liderança no segmento de automóveis e comerciais leves nos primeiros nove meses deste ano, com market share de 21,5%. A liderança decorre principalmente da capacidade de gestão da produção e de resposta às mudanças de mercado.

MC – Qual a sua expectativa para 2015? O setor voltará a crescer? Quais fatores vão determinar esse movimento de recuperação ou não?

CB – Esperamos que o mercado se recupere gradativamente, voltando a crescer em 2016. O Brasil representa um mercado de grande potencial. A política de inclusão social resgatou 40 milhões de pessoas da pobreza, incorporando- as ao mercado de consumo. Isso fez com que a classe média crescesse de 38% da população em 2003 para 54% em 2014. O Brasil tem hoje um mercado interno de 200 milhões de habitantes e uma baixa taxa de desemprego. Isso significa que há uma enorme demanda potencial latente no país, que se verifica em praticamente todos os setores. Especificamente no mercado automotivo, há grande potencial de crescimento de longo prazo. O Brasil tem ainda um baixo índice de motorização em relação à sua população. Enquanto os Estados Unidos têm um carro para cada 1,2 norte-americano, a Europa tem um veículo para cada 1,7 habitante e, o Brasil, 4,4 habitantes por veículo. Ou seja, para chegarmos ao mesmo nível de motorização da Europa, temos de crescer a frota em mais 50 milhões de veículos, criando a infraestrutura necessária para isto. Além disso, temos de trabalhar para repor a parte da frota nacional que está sucateada. É claro que o crescimento da frota se dará, predominantemente, fora das grandes metrópoles, nas quais a prioridade é o investimento maciço e planejado em transporte público.

MC – Há investimentos programados para 2015? Abertura de novas plantas? Ampliação de plantas e da produção na unidade de Betim (MG)? Alguma novidade sobre a nova planta de Pernambuco?

CB – A fábrica da Fiat Automóveis instalada em Betim (MG) está em meio ao maior ciclo de investimento de sua história no Brasil. Estão sendo investidos R$ 7 bilhões no período 2011-2016, concentrados na modernização, desenvolvimento de produtos e novas tecnologias, processos, sistemas e recursos humanos. É importante lembrar que esta é a maior fábrica da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) no mundo e uma das maiores fábricas em operação no planeta em capacidade instalada (800 mil carros por ano). Além disso, a Fiat Chrysler Automobiles está investindo mais de R$ 7 bilhões na construção do Polo Automotivo de Goiana, em Pernambuco, que deve terá capacidade de produção de 250 mil unidades por ano e começa a produzir o Jeep Renegade em 2015. Esta será a mais moderna planta produtiva da FCA no mundo, incorporando os melhores conceitos adotados globalmente pelo grupo. Será um centro de produção voltado para atender à América Latina.

MC – O “Custo Brasil” atrapalha o desempenho da indústria automotiva? Como?

CB – O Custo Brasil influencia a indústria por inteiro, não apenas o setor automotivo, ao onerar os produtos e diminuir a eficiência e competitividade internacional do país. O principal desafio do Brasil para aumentar sua competitividade como exportador de veículos, por exemplo, continua sendo o custo de produção, impactado pelo Custo Brasil. Segundo a PwC, se considerarmos o custo de produção na China igual a 100, o custo no Brasil é 160, contra 105 na Índia e 120 no México. A indústria automobilística é um setor produtivo de cadeia longa, isto é, envolve muito níveis de fornecedores, de milhares de insumos e componentes. Setores de cadeia longa de produção são mais suscetíveis aos custos decorrentes da tributação, das ineficiências logísticas e do custo do capital.

MC – Qual Reforma o Sr. considera primordial para o setor automotivo brasileiro e para a Fiat?

CB – Creio que são três as reformas primordiais para o País como um todo: Educação: há avanços inegáveis no tocante à acessibilidade ao ensino superior. Apesar dos esforços, entretanto, a qualidade da educação brasileira não é compatível com o país que queremos construir. É necessário avançar a uma velocidade muito maior do que a atual em direção ao aprimoramento da qualidade da educação, se o Brasil quiser consolidar no futuro as potencialidades econômicas que desenha no presente. Política: o Brasil precisa de uma reforma política que reordene com legitimidade a representação popular no Executivo e no Legislativo. É um país com 30 partidos políticos, dos quais, com honrosas exceções, não é possível sequer identificar o posicionamento ideológico e programático. Tributária: esta reforma interessa ao setor automotivo e a todos os setores produtivos. Não queremos ser diferenciados dos demais setores da economia e receber isenções fiscais pontuais. O automóvel brasileiro tem sobre si a maior carga tributária do mundo e, ao mesmo tempo, é extremamente sensível em termos de elasticidade preço-demanda. Precisamos de uma reforma tributária que simplifique a gestão e cobrança dos impostos e que posicione a carga tributária em um nível que não a torne um entrave ao desenvolvimento do país.

MC – A falta de uma política para o desenvolvimento industrial brasileiro é um problema para a Fiat? Por quê?

CB – Novamente, creio que uma consistente política de desenvolvimento industrial é de interesse de todos os setores, já que o crescimento da indústria beneficia o país como um todo. Tenho insistido na visão de que precisamos de um choque de competitividade e de produtividade. Este foi o caminho trilhado por países que construíram sua transição do subdesenvolvimento para a condição de player global em setores estratégicos. Devemos aproveitar os exemplos virtuosos, para fortalecer a cooperação para o desenvolvimento tecnológico, para o fortalecimento das cadeias produtivas, para a evolução de nossos centros de geração de conhecimento. A competitividade é, por definição, sistêmica. Com os olhos na competitividade, há que se atacar os impactos de sobrecustos e ineficiências nacionais, com a eliminação de entraves ainda persistentes no país, na infraestrutura, na logística, na tributação do investimento e do consumo, na burocratização de processos e procedimentos e em legislações que oneram a produção e as atividades.

MC – Na sua opinião, a crise financeira mundial que teve início em 2008 ainda está impactando a economia brasileira? Como?

CB – No cenário internacional, o mundo continua se recuperando da crise econômica de 2008/2009 de forma gradativa. A Europa apresenta melhora lenta e gradativa, com desequilíbrios entre os países. Os Estados Unidos registram crescimento moderado, limitado pela necessidade de ajustes fiscais e monetários. A China deve passar por desaceleração suave nos próximos anos, mas ainda com crescimento em ritmo elevado. A menor demanda global por commodities e consequente retração de suas cotações afetam o Brasil 

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