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DEBATE ECONÔMICO Carlos Alberto Teixeira de Oliveira
Bacharel em Administração, Ciências Contábeis e Econômicas.
Presidente da ASSEMG-Associação dos Economistas de
Minas. Presidente/Editor-Geral de MercadoComum
Problema número um da
economia brasileira é a falta
de crescimento
O problema número um da economia brasilei- Bruto. E, apesar disso, a nossa “descarga tributária”
ra é a falta de crescimento da produção nacional de praticamente dobrou e nunca os serviços públicos
bens e serviços - e um dos principais problemas da prestados à sociedade tiveram retorno tão duvidoso
falta de crescimento da economia brasileira é a nossa como presentemente. Há de se considerar, ademais,
Constituição, em vigor desde 5 de outubro de 1988. a completa falência de quase todos os municípios e
Praticamente um ano após e, já a partir da queda do estados da Federação.
Muro de Berlim, em 09.11.1989, ela simplesmente ca- A máquina de crescimento da economia brasi-
ducou, virou página virada em relação às perspectivas leira está enferrujada e quebrada. Para voltar a funcio-
mundiais e ao processo de globalização - irreversível. nar será preciso, consertar ou trocá-la por outra.
A perdulária “Constituição Cidadã de 1988” Tenho destacado, ao longo das últimas três dé-
nos puxou ao passado, arremessou-nos à uma con- cadas que:
dição de fartura generalizada como se tivesse sido - A instabilidade e a crise brasileira têm levado
revogada a lei da escassez. Os seus inúmeros “direi- a política econômica a uma postura eminentemente
tos” conspiraram contra a modernização e perdemos imediatista, onde a busca da estabilização ofusca to-
sintonia com a evolução mundial, impedindo-nos de dos os problemas de médio e longo prazos. A obses-
vislumbrar um futuro de desenvolvimento mais efeti- são pelas questões conjunturais retira da economia
vo, consistente e pragmático, aprisionando-nos a um qualquer referencial, qualquer norte. A maior parte da
modelo econômico-social que nos seduzia a utopias energia social esgota-se na persecução do equilíbrio
antigas e ultrapassadas, o que incentivou e contribuiu das contas públicas e da redução dos índices da in-
para o país à formatação de notórios desequilíbrios. flação.
Ficamos, simplesmente, prisioneiros de utopias de um - Só o crescimento torna plástica a economia,
passado desconstruído por rápidos e efetivos movi- criando condições para que as ações conscientes e
mentos de globalização e de formação efetiva de uma deliberadas do Governo e da Sociedade possam atuar
aldeia global conectada a novas desafios e consta- no rumo da atenuação dos problemas sociais e da
tações. Assim, a Constituição brasileira praticamente desconcentração da renda de um lado, e da moderni-
nasceu morta ou, no mínimo, descompassada a uma zação do aparelho produtivo, de outro. A estagnação
nova realidade circunstanciada pela imposição de da economia enrijece-a, afastando a possibilidade de
uma nova vertente e modelagem internacional. modificações em sua estrutura e em seu conteúdo.
Desde então, o Brasil desaprendeu, literalmen- - Desenvolver ações de cunho compensatório
te, a fazer crescer a sua economia e, neste século XXI, e assistencialista atenua, momentaneamente, as ca-
é um dos países detendo o menor desempenho quan- rências mais imediatas, mas não resolve de maneira
do o assunto é a expansão do PIB-Produto Interno definitiva os problemas sociais. Há que se conceber